Orange is The New Black sempre foi uma das queridinhas das originais Netflix. Desde a sua primeira temporada, a série soube trabalhar muito bem os temas que deseja desmitificar, como homofobia, racismo, o sistema prisional americano, etc. As duas primeiras temporadas foram impecáveis, principalmente do ponto de vista narrativo, mostrando o caminho traçado por Piper, nosso principal fio condutor dentro daquele mundo totalmente novo para a audiência, e evoluindo para histórias envolventes e bem estruturadas sobre o passado das outras detentas.
Porém, em sua terceira e quarta temporada, a série se perdeu dentro de sua própria trama. Apesar de continuar tratando os pontos que se propõe (as discussões sociais comentadas acima), do ponto de vista da história, o roteiro geral começa a ficar de lado, e se preocupa mais em retratar o cotidiano de Litchfield de maneira bidimensional.
Felizmente, parece que a quinta temporada chegou para recuperar este fio condutor deixado de lado desde o final da segunda temporada.
Com uma primeira metade bem fraca, tornando completamente medíocre os momentos trágicos que culminaram até o fim do ano anterior, a nova temporada se demonstra maior do que deveria, já que recupera muito bem o fôlego a partir do sexto episódio.
A revolta das detentas dura em torno de três dias, o que torna alguns acontecimentos muito drásticos, e outros muito leves, para um período como este. Além disso, os roteiristas parecem ter deixado completamente de lado o desenvolvimento dos personagens, tornando relações, principalmente de Piper e Alex, mais artificiais do que nunca.
Por outro lado, a rebelião leva o roteiro para resoluções mais agressivas por parte tanto das detentas quanto das figuras do sistema judicial, e faz com que as situações ali construídas exijam mais dos que a vivenciam, o que leva a série para um patamar dramático nunca levado tão a fundo anteriormente.
O desfecho da quinta temporada de Orange Is The New Black se mostra bem embasado, concluindo com competência o ciclo narrativo proposto. Os principais pontos negativos ficam em torno apenas do fato da temporada ser maior do que deveria, e de seus personagens e respectivos relacionamentos serem retratados sem o devido valor que possuem dentro da proposta da própria série.