Se um dos principais focos da primeira temporada de Narcos foi a plata: como Pablo Escobar chegou ao poder através do seu império do pó, mantendo-se no “trono” até mesmo quando foi preso; a segunda temporada aborda muito mais o plomo: toda a atmosfera apocalíptica criada pelas consequências dos atos do narcotraficante.
Em 10 episódios, apesar do ponto de vista ser, principalmente, o trabalho dos agentes do DEA, Murphy e Peña, a série consegue expor bem a relação de Escobar com a própria família, sua maior preocupação durante a segunda temporada. Cada ato de violência e postura autoritária e tirânica consegue achar um ponto de justificativa dentro do roteiro; algo essencial para não se criar uma atmosfera maniqueísta, deixando claro que não existe uma linha clara sobre quem são os vilões e mocinhos desta história (intenção dos próprios criadores).
Apesar de roteiros bem amarrados e atuações exemplares, a fórmula da primeira temporada se repete um pouco no desenrolar da trama deste segundo ano da série. Felizmente, isso não prejudica a densidade da série, e, inclusive, é essencial para justificar o argumento de José Padilha para o futuro de Narcos: a série vai muito além de Pablo Escobar.
O principal ponto para a proposta de Padilha pode ser notado com o crescimento de outros grandes cartéis no decorrer dos episódios. A vida de Pablo Escobar se torna simplesmente uma luta por sobrevivência, se escondendo e fugindo a cada novo plot twist. Enquanto isso, todos os outros narcotraficantes da Colômbia veem uma chance de crescimento, usando a queda de Escobar a seu favor e contribuindo até mesmo com a Lei para que a derrota definitiva de Pablo aconteça o mais breve possível.
Com sua proposta quase documental, tomando partido jurídico o mínimo possível, a segunda temporada de Narcos se encerra muito bem, deixando os fãs curiosos para o que virá a seguir.
Um seriado para deixar Walter White orgulhoso!