Wes Anderson já é um nome consolidado na indústria cinematográfica, seja pelas boas histórias que sabe contar ou pelo visual impressionante de seus filmes. O cineasta, famoso pela perfeita simetria e pela One Point Perspective, também se aventura, com maestria, no universo das animações. Seu mais novo trabalho é um exemplo da versatilidade narrativa e visual de Anderson.
Ilha dos Cachorros estreou neste mês de julho e trouxe críticas intensas a tiranias e ditaduras, sempre temidas e praticadas pela humanidade. Em pouco mais de uma hora e quarenta, Wes Anderson nos apresenta ao arquipélago japonês controlado pelo ditador Kobayashi de uma forma bem lúdica, sincera e divertida, apesar da carga dramática trágica da história. Os cachorros do local são isolados em uma ilha por conta de uma epidemia.
Um garoto que tem Kobayashi como tutor, no entanto, resolve ir até a ilha para recuperar seu cachorro. E a partir disso a história se desenrola, com facilidade e, principalmente, bons personagens.
Com vozes de grandes estrelas de Hollywood, como Bryan Cranston, Bill Murray, Scarlett Johansson e Edward Norton, os cachorros são extremamente humanizados e carismáticos. É impossível não torcer pelos animais, por mais contaminados que estivessem. Obviamente o vilão ajuda nesse processo de identificação do público, assim como o discurso de Anderson.
As críticas são inúmeras. Ditaduras, tiranias, degradação e até as fake news são alvos do diretor, que utiliza elementos variados da cultura japonesa para abordar tais pontos. Por sinal, Ilha dos Cachorros é uma bela homenagem aos orientais. Muitas vezes esquecidos e isolados, dessa vez eles são os privilegiados ao assistirem o filme, tendo em vista que muitos trechos em japonês não são traduzidos.
Visualmente falando, Ilha dos Cachorros segue a mesma linha dos demais longas da filmografia de Wes Anderson. Simetrias impecáveis, design de produção digno de prêmios e, no caso das animações, um stop-motion realista e feito com muito cuidado e talento. Uma das melhores (talvez a melhor) animações do ano, Ilha dos Cachorros ainda conta com uma trilha sonora típica e um clima distópico muito agradável.
Uma obra-prima em stop-motion. Uma presença praticamente garantida no Oscar 2019.