A franquia Ghost In The Shell, originalmente lançada como um mangá, traz ricos debates sobre o futuro da humanidade quando o assunto é avanços tecnológicos. Publicado entre 1989 e 1990, o mangá, criado por Masamune Shirow, foi sucesso ao redor do mundo, recebendo um longa-metragem animado (anime) no ano de 1995.
Tal filme, diferente do mangá, retratou o universo de Shirow com uma pegada existencial muito mais séria e melancólica, características típicas de ficções científicas cyberpunk. Dirigido por Mamoru Oshii, o anime adapta um dos arcos do próprio mangá, porém, com alguns toques diferenciados, se tornando uma obra única dentro do próprio universo mitológico de Ghost In The Shell. Tendo isso em vista, entramos no filme live-action, lançado no Brasil no último dia 30 de Março.
Assim como a adaptação animado da história de Shirow, o longa, estrelado por Scarlett Johansson, também tenta remontar a saga de Major através de uma nova perspectiva, sem trair a própria mitologia do universo fictício. Dirigido por Rupert Sanders, A Vigilante do Amanhã: Ghost In The Shell remonta todo o arco do Puppet Master, utilizado no anime de 1995, adaptado do mangá original. Porém, no filme de Sanders, temos um foco muito maior na persona da Major Motoko Kusanagi. Desta forma, o roteiro leva o debate filosófico da franquia para uma esfera muito mais pessoal.
O visual criado para o filme é incrível, remetendo a clássicos como Blade Runner e Akira. Muitos conceitos foram acrescentados, como as gueixas robóticas, sem perder a fidelidade do discurso criado por Shirow; e outros foram mantidos com extrema fidelidade, para o delírio dos fãs.
No entanto, no início do último ato, a montagem do filme apresenta uma certa pressa, deixando um momento em específico muito em aberto, soando um pouco forçado; mas rapidamente se recupera. A partir de uma leve falha, aparentemente advinda mais do corte final do que do roteiro do filme, a história retorna às cenas de ação, tão amadas pelos fãs, construídas de uma maneira não muito inovadora, mas competente e fiel ao material original.
Assim com o anime de 1995, A Vigilante do Amanhã: Ghost In The Shell é uma ótima releitura do universo de Masamune Shirow, e merece ser reconhecida como uma obra à parte, baseada em um mundo de riquíssimas nuances e interpretações filosóficas.