Filmes que envolvem carros costumam gerar conflitos de opinião entre público e crítica. O endeusado pelas bilheterias, Velozes e Furiosos, por exemplo, é um fenômeno de audiência e um fracasso entre os entendedores do meio. Entretanto, alguns longas do estilo conseguem agradar ambos os lados, e este é o caso de Em Ritmo de Fuga, novo trabalho de Edgar Wright.
O filme conta a história de Baby, um jovem piloto de fuga que escuta música o tempo inteiro (especialmente durante os crimes) para aliviar um problema auditivo. Ansel Elgort interpreta Baby da forma mais adequada possível, mesclando ação, humor e inocência como poucos atores conseguiriam fazer. Da mesma forma, o restante do elenco é espetacular. Kevin Spacey e Jamie Foxx estão brilhantes, como sempre, e até mesmo o baixista Flea, da banda Red Hot Chili Peppers, agrada.
Além disso, Em Ritmo de Fuga vem para consolidar Edgar Wright como um dos cineastas mais ousados de sua geração. A sincronia e os cortes da edição fazem com que o filme seja extremamente dinâmico e adequado, assim como em Scott Pilgrim Contra o Mundo, apesar de ser inovador em doses menores do que o longa de 2010. Por sinal, a montagem é essencial para a construção do filme, assim como a trilha sonora, responsável por guiar todos os acontecimentos da narrativa, fazendo com que o filme seja um musical de ação.
Também é perceptível o toque de Tarantino em Wright, presente especialmente nas sequências finais, que, assim como as cenas iniciais, são empolgantes e muito bem dirigidas. Os efeitos especiais também não deixam a desejar, apesar do orçamento do filme não ser dos mais altos. No que diz respeito ao roteiro, Em Ritmo de Fuga é também muito bom. Além de bons plot twists e excelentes construções de personagens, o filme não deixa o público entediado, não apresenta furos e tem um humor bem irônico e agradável. Para completar, a história ainda deixa algumas pontas passadas e futuras soltas, provavelmente visando uma continuação.
Em Ritmo de Fuga é um filme de ação muito acima da média, e sequer merece ser comparado a um Velozes e Furiosos da vida. Entretanto, podemos traçar paralelos com Mad Max: Estrada da Fúria. O longa de Wright não é tão inovador quanto o de Miller, mas as grandes sequências em alta velocidade e a vontade do público em ver Baby Driver premiado nas grandes cerimônias de 2018 (especialmente no Oscar e no Globo de Ouro) fazem com que os filmes sejam um pouco semelhantes. Sorte a nossa.
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