Já não é nenhuma novidade que Christopher Nolan é um dos maiores nomes do cinema da atualidade. Responsável por construir tramas excelentes em cima da psique humana, em Dunkirk, o diretor leva o seu estilo para o cenário histórico das praias de Dunquerque, durante a Segunda Guerra Mundial. Pela primeira vez desde o filme Following, o cineasta escreveu a história e o roteiro sem o seu irmão, Jonathan (apesar do roteiro Amnésia ter sido escrito somente por Christopher, a história é baseada em um conto de Jonathan).
Nolan já possui um estilo de direção muito característico. Todos os personagens de suas histórias são apenas um dos elementos de um todo, complementos de uma narrativa maior do que todos eles. Em Dunkirk, não ficou diferente. Desde os personagens até os detalhes de edição são elemento que, se distanciados da narrativa principal do filme, se perdem muito. Possivelmente o único personagem (semi)desenvolvido por Nolan capaz de alcançar destaque muito além do próprio filme tenha sido o Coringa, interpretado por Heath Ledger. Até o Bruce Wayne/Batman do diretor ficou limitado ao universo da própria Trilogia.
Sendo assim, Dunkirk é um filme brilhante no quesito direção, fotografia, edição, e trilha sonora (suas indicações ao Oscar foram justíssimas). Os elementos funcionam muito bem para o objetivo de Nolan como contador de história, e criam uma linha clara em cima das transições temporais que acontecem no decorrer do longa. Porém, assim como em Interestelar, Dunkirk peca no roteiro final. Com uma proposta brilhante, o filme histórico de Nolan encontra alguns obstáculos de roteiro que não são bem resolvidos. Com 90 minutos de duração, o filme se arrasta, ao mesmo tempo que, paradoxalmente, também transmite a sensação de que poderia haver mais tempo de desenvolvimento de script (não à toa, ficou de fora na indicação para Melhor Roteiro).
O principal diferencial de Dunkirk é a forma como são desenvolvidas cronologicamente as três linhas dramáticas principais, que são competentes muito mais graças a uma boa direção e edição do que a um bom roteiro. Christopher Nolan é um diretor incrível e certamente produziu um excelente filme, mas a ausência de seu irmão, Johnathan, deixa a impressão de que as histórias desenvolvidas pela dupla funcionam muito melhor do que as feitas exclusivamente por Christopher.