Já em sua primeira temporada, Demolidor chegou com o famoso “pé na porta, tapa na cara”, mostrando que a Marvel não estava para brincadeira. Com uma temática voltada para o público adulto, a série conquistou fãs e deslanchou a expectativa para o que culminaria no Projeto Defensores. No segundo ano, com a aposta no Justiceiro, a série dividiu alguns fãs, mesmo se mantendo com uma das melhores produções originais Netflix.
Em sua Season 3, se desprendendo quase que completamente do universo construído em cima da trama de Os Defensores, que foi um fracasso de crítica, Demolidor retorna aos moldes que o destacaram, recuperando o fôlego visto na primeira temporada. Voltamos a ver um Matt Murdock muito humano, desiludido com a figura mitológica traçada pelos jornais ao seu alterego, e fragilizado. Ao mesmo tempo, a série aposta na força dos personagens comuns, como Foggie e Karen, traçando tramas paralelas que se cruzam com a de Murdock no decorrer da temporada.
Temos novamente um Wilson Fisk brilhantemente interpretado por Vincent D’onofrio, e muito bem construído dentro da narrativa, de maneira totalmente orgânica com as conclusões das temporadas passadas. Mesmo sendo mostrado como um “brutamontes”, a junção de talentos interpretativos e narrativos fazem com que Fisk não perca sua postura como manipulador, frio, brilhante, cruel e calculista hora alguma, até mesmo nos momentos de fraqueza emocional do personagem. Além disso, vale a pena ressaltar, sem revelar muito, que um segundo vilão apresentado nesta temporada possui uma das melhores origens já apresentadas nas adaptações de quadrinhos para o audiovisual (com uma evolução semelhante à de Harvey Dent em O Cavaleiro das Trevas).
Apostando em uma autossustentabilidade, criando uma narrativa independente dos demais defensores e da própria série dos grupo de heróis urbanos, a terceira temporada de Demolidor certamente prova, mais uma vez, que o trabalho competente de Drew Goddard com o personagem vem de uma bagagem cultural enorme de alguém que entende de quadrinhos e da capacidade narrativa da mídia.