Assistir a BoJack Horseman é uma experiência mista. Momentos de humor são dialogados, brilhantemente, com assuntos e discussões sérias. Desde sua primeira temporada, a série traz uma crítica ao modo de vida das celebridades hollywoodianas, mostrando não só o universo cruel e sua competitividade, mas também a vida privada de cada um dos envolvidos na área.
Em seu quarto ano, a série do cavalo mais querido da televisão volta com discussões que vão ainda mais além do que já presenciamos nas temporadas anteriores. Desta vez, vemos um BoJack convivendo com uma crise existencial maior do que as já vistas em outros episódios. Além disso, vemos que a série não se trata apenas do seu personagem-título, mas também de todos aqueles que o cercam.
Diane, se esforçando ao máximo para fazer tudo certo, se sente deslocada em seu trabalho e como jornalista, além de se esforçar ao máximo para manter um casamento saudável com Mr. Peanutbutter, um dos poucos personagens deslocados da realidade, com uma visão otimista para todos os aspectos da vida.
Enquanto isso, Todd busca se entender como assexuado assumido, ao mesmo tempo em que luta para sair de sua vida como “zé ninguém”, criando startups um tanto quanto bizarras. Princess Carolyn tenta dialogar sua vida pessoal com a profissional, se relacionando com o seu marido em busca de construir uma família.
Todos os 12 episódios, lançados na última sexta-feira (08), trabalham os dilemas de cada um desses personagens, mas um dos grandes destaques desta temporada foi a relação de BoJack com a sua mãe, Beatrice. Enquanto o filho sofre de depressão, a mãe vive uma vida assolada por uma doença degenerativa, não reconhecendo nem mesmo o próprio filho. Fantasmas passados assombram ambos os personagens, e toda trama da quarta temporada destaca momentos onde isso é bem claro.
É válido deixar um comentário exclusivo para os episódios 2 e 11 da temporada, pois foram dois dos mais marcantes de toda a série. Um diálogo perfeito entre passado e futuro, mostrando toda a crise vivida por BoJack e como isso tem relação com a infância e doença de sua mãe. É um dos episódios mais importantes para compreender a vida trágica do protagonista, consequente dos traumas de sua família.
Com um humor incrível, alguns conceitos e referências sutis, e discussões que cutucam as nossas feridas (de forma muito mais eficaz e responsável do que as propostas por 13 Reasons Why, por exemplo), a quarta temporada de BoJack Horseman mostra, mais uma vez, que a animação original Netflix merece a atenção de todos. Ao lado de Rick And Morty, Os Simpsons e Family Guy, BoJack Horseman certamente está entre as melhores animações adultas já produzidas.