Quando anunciado, Bird Box se destacou por uma narrativa semelhante com a de filmes apocalípticos clássicos como A Noite dos Mortos-Vivos, de Georme Romero, e atuais como Um Lugar Silencioso, de John Krasinski. Em um mundo tomado por criaturas que causam uma histeria coletiva nos seres humanos, fazendo com que as pessoas que entrem em contato com os tais monstros queiram acabar com a própria vida, Malorie, interpretada por Sandra Bullock, acompanha cada passo da tragédia mundial, tentando sobreviver e compreender o que está acontecendo.
Baseado no livro homônimo de Josh Malerman e dirigido por Susanne Bier, Bird Box traz uma premissa interessante, porém, a história se desenvolve sem grandes reviravoltas, sendo carregada basicamente pela competência cênica de Bullock. Com um corte temporal que transita entre horas após o apocalipse e cinco anos depois, a escolha narrativa cria uma expectativa de que, em algum momento da trama, o passado e presente se unam em diálogo, algo que não acontece e demonstra que o revezamento temporal do roteiro foi totalmente desnecessário.
Além disso, a (falta de) ligação de Malorie com os demais personagens no início da trama transmite um ponto que poderia ser muito bem explorado, como o fato dela estar rodeada de destruição e caos ser um gatilho perfeito para que a personagem principal se conecte com os demais que cruzam o seu caminho. Infelizmente, isso acontece de forma nem um pouco orgânica, e em momento algum é criado um laço do espectador com os laços humanos desenvolvidos no decorrer do filme, e cada relação (principalmente a gravidez indesejada de Malorie) soa como uma mera desculpa fajuta para que a história chegue em algum lugar.
Apesar de ser um bom entretenimento, Bird Box não alcança o potencial de sua premissa e acaba ficando à sombra de outros filmes semelhantes, porém, muito mais competentes. O destaque para filme pós-apocalíptico de 2018 provavelmente ficará com o já comentado Um Lugar Silencioso. Quem sabe em 2019, Netflix!