Após o sucesso de Mad Max: Estrada da Fúria, Star Wars: O Despertar da Força e Mulher-Maravilha, a Marvel viu que precisava fazer um filme protagonizado por uma mulher e aumentar a representatividade do MCU, que vem numa crescente desde Pantera Negra.
Capitã Marvel chegou aos cinemas na última quinta-feira e o público comprovou que a produtora acertou novamente. Apenas no fim de semana de estreia, o longa-metragem arrecadou mais de 400 milhões de dólares no mercado mundial e encantou milhares de meninas e mulheres que, pela primeira vez, tinham um filme da Marvel com uma heroína no papel principal.
Desde o início, o filme tinha dois objetivos principais, e ambos ficam claro durante a narrativa. E o melhor: os dois foram atingidos. O primeiro era alcançar um nível de representatividade feminina nunca visto antes nos filmes do MCU, e isso foi alcançado antes mesmo do lançamento, basta ver a expectativa das fãs. O segundo era mostrar o quanto a protagonista é poderosa e pode complicar a vida de Thanos em Vingadores: Ultimato. Não por acaso, os dois estão interligados.
No entanto, alguns pontos mereciam mais cuidados por parte das equipes de roteiro e direção de Capitã Marvel. A narrativa fica bagunçada e cansativa em certos momentos. Apesar de conseguir apresentar a personagem, como um bom filme de origem exige, a história deixa pontas soltas e não se aprofunda na maioria das relações interpessoais de Carol Danvers. Uma pena, pois aquelas que foram mais exploradas funcionam e aumentam ainda mais a representatividade do filme.
Os desenvolvimentos de outros personagens também podem, ser questionados, mas são compreensíveis. Nick Fury, por exemplo, está mais engraçadinho e sem conhecimento do que nunca. Você pode até não gostar de vê-lo dessa forma. Mas a escolha é coerente. A história se passa nos anos 1990, bem antes dos acontecimentos dos outros longas do MCU. Portanto, Fury estava apenas conhecendo e entendendo as ameaças que envolvem a Terra. Além disso, em um filme protagonizado por uma mulher, o homem que a acompanha em sua jornada não poderia apresentar uma masculinidade tóxica e, muito menos, roubar a atenção nas cenas de ação e nas resoluções da trama.
Samuel L. Jackson entendeu bem o papel e desempenhou um ótimo trabalho, assim como Ben Mendelsohn, intérprete de Talos que apresenta uma das melhores interpretações do filme. Mas as mulheres é que se destacam de verdade.
Vencedora de Oscar e uma das grandes estrelas femininas de Hollywood, Brie Larson estava visivelmente feliz por interpretar a protagonista, e o empenho dela em Capitã Marvel fica explícito, tanto nas cenas dramáticas quanto nas de ação. Em alguns momentos, a atriz parece se perder um pouco com as reviravoltas do roteiro e a falta de clareza de Carol, mas isso não prejudica seu bom trabalho, propositalmente sem expressão em certas passagens da história.
Lashana Lynch e Annette Bening também não decepcionam, assim como a jovem Akira Akbar, que deve ganhar espaço nos próximos filmes do MCU como a Spectrum.
Na parte técnica, Capitã Marvel é apenas aceitável. O filme não apresenta uma fotografia fantástica, e os efeitos especiais chamam a atenção apenas na sequência da batalha final. A direção de Anna Boden e Ryan Fleck também não contam com nada de mais, e a dupla poderia ter auxiliado um pouco mais os atores e a equipe de edição, já que esse ponto deixa um pouco a desejar.
Ao contrário das cenas pós-créditos.
A primeira é uma das melhores do MCU e influencia diretamente nos acontecimentos de Vingadores: Ultimato. A segunda é apenas para arrancar risadas (ou reclamações) do público, e também funciona.
Capitã Marvel está longe de ser um dos melhores filmes da Marvel, mas cumpre bem o que se propõe a fazer. Do ponto de vista narrativo, talvez não seja uma grande peça do MCU, mas é importantíssimo no quesito representatividade, e só isso já vale mais do que qualquer linha do tempo ficcional.