No próximo domingo, 06 de janeiro, será realizada a cerimônia do Globo de Ouro 2019. A premiação é uma das mais importantes da indústria do entretenimento, mais especificamente a cinematográfica. Boa parte dos indicados ao Globo de Ouro costuma aparecer também no Oscar e no BAFTA, por exemplo.
Mas o evento, promovido pela Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood, é muito mais do que uma premiação. O Golden Globe costuma ser o momento em que artistas, cineastas e apresentadores manifestam suas opiniões sobre diversos temas.
Em 2018 o movimento Time’s Up organizou um protesto contra o assédio sexual, especialmente no universo Hollywoodiano. No ano anterior, como consequência do #OscarsSoWhite de 2016, o Globo de Ouro premiou três atores negros e demonstrou que representatividade importa.
Positivamente, essa consciência tem aumentado.
Nesta 76ª edição, por sinal, a representatividade e as críticas sociais estão muito presentes nos filmes indicados. Os cinco longas indicados a Melhor Filme de Drama abordam temas delicados ou possuem personagens que fazem parte de minorias e/ou são emponderados.
Bohemian Rhapsody conta a história do Queen e claro como era a vida sexual de Freddie Mercury. E as vaias escutadas em algumas sessões brasileiras só comprovam o fato de que boa parte das pessoas não aceita o fato de que um dos maiores cantores da história do Rock era homossexual.
Ainda no mundo da música, Nasce uma Estrela fala sobre os perigos da fama, do vício em drogas, dos relacionamentos abusivos e do suicídio. If Beale Street Could Talk segue a linha de Moonlight (não por acaso, já que o diretor é o mesmo) e fala sobre a dificuldade e as injustiças enfrentadas pelos negros na sociedade há anos.
Pantera Negra também é sobre o racismo, mas também é um filme sobre política, inclusão e importância da ciência e da tecnologia. Isso sem falar da imensa representatividade, representada pelos ótimos personagens, que fizeram com que inúmeras crianças negras se vissem nas telonas.
E temos, claro, Infiltrado na Klan, que aborda o racismo com humor e seriedade, simultaneamente. É um soco no estômago muito bem dirigido por Spike Lee. O ótimo cineasta, inclusive, está indicado ao Globo de Ouro na categoria de Direção, na qual é um dos favoritos, ao lado do mexicano Alfonso Cuarón, de Roma, outro filme com uma forte discussão social, e que parece ter recebido fortes influências do brasileiro Que Horas Ela Volta?.
Sobre minorias e reflexões políticas e sociais, ainda temos alguns outros indicados que merecem ser ressaltados, como a animação Ilha dos Cachorros, Green Book: O Guia, Boy Erased e Podres de Ricos (filme que chega à premiação com um elenco composto só por asiáticos).
Tendo como base os filmes indicados nas principais categorias, podemos esperar, novamente, um Globo de Ouro repleto de críticas sociais e manifestações intensas, contra preconceitos, abusos, xenofobias e, certamente, figuras políticas (em especial o presidente americano Donald Trump).
E se você se incomoda com isso, procure ajuda. Ou melhor, procure assistir aos filmes citados acima e refletir sobre suas temáticas.