O silêncio no cinema pode ser algo delicado e pretensioso. Ele tem a capacidade de despertar emoções diversas, como angústia, medo e até alegria. John Krasinski une esses e outros sentimentos provenientes da ausência de som em Um Lugar Silencioso, seu novo filme que estreou na última semana e tem sido muito elogiado por público e crítica.
Protagonizado por Emily Blunt, o longa-metragem conta a história de uma família que precisa ficar em silêncio absoluto para evitar um confronto com uma entidade sobrenatural que ataca seres humanos. A premissa é muito boa, assim como a construção do silêncio como protagonista da história. Os detalhes cotidianos ilustram a importância que os pais da família dão à vida e, consequentemente, ao silêncio. As crianças representam o público na narrativa, pois em alguns momentos agem com curiosidade e medo excessivos.
A competente direção de Krasinski se une ao talento de todos os atores do elenco para deixar o filme verossímil e angustiante. Todos os planos fazem sentido, tornando as sequências impactantes e coerentes. Emily Blunt se destaca com uma atuação intensa, apesar da ausência de falas. Entre as crianças, o destaque é Noah Jupe. O intérprete do filho do meio já havia feito um bom trabalho em Extraordinário, e em Um Lugar Silencioso ele continua com expressões fortes e uma dramaticidade de gente grande.
Entretanto, o roteiro de Um Lugar Silencioso tem algumas soluções previsíveis e incômodas. A ausência de contextualização também pode ser criticada, mas ela é justificada, tendo em vista que é um filme composto por uma boa ideia, ótimos personagens e problemas familiares.
Apesar de possuir um gancho para uma possível sequência, o diretor não tem isso nos planos. Por sinal, não tem sequer outros filmes nos planos, o que é uma pena, pois Um Lugar Silencioso é uma obra ousada, que foge do comum e sabe utilizar o som como elemento fundamental de uma produção audiovisual. O público precisa aprender a lidar com o silêncio e admirá-lo, e essa lição pode ser aprendida com este filme.
Torçamos, portanto, para que John Krasinski ainda não nos abandone.