Algumas pessoas dizem que Steven Spielberg não é mais o mesmo. O diretor foi aclamado por A Lista de Schindler, O Resgate do Soldado Ryan, E.T – O Extraterrestre e tantos outros filmes durante a carreira, mas não tem agradado a todos nas últimas duas décadas. Entretanto, apesar de alguns filmes fracos, Spielberg continua mostrando que ainda é um dos melhores diretores da atualidade. Isso já ficou claro em Lincoln e Ponte dos Espiões, mas se confirma com The Post – A Guerra Secreta.
O mais recente filme do cineasta não chega a ser melhor que Lincoln. Porém, apresenta um ritmo mais acelerado, elaborado a partir de uma narrativa extremamente bem construída. Sempre levantando uma bandeira favorável à liberdade de expressão, a história de The Post – A Guerra Secreta aborda discussões adequadas ao período retratado no filme (década de 1970) e também aos dias atuais. Liberdade de imprensa, respeito à mulher, ética jornalística e outras temáticas são expostas de uma forma dinâmica e eficiente.
Meryl Streep e Tom Hanks também podem ser responsabilizados por isso. As duas estrelas de Hollywood têm atuações consistentes em The Post – A Guerra Secreta, carregando o filme muito bem. Os papéis não parecem muito desafiadores para Streep e Hanks, mas são muito importantes. Especialmente Kat Graham, personagem de Meryl Streep, que possui toda a representatividade necessária.
Spielberg também não deixa o filme pecar nas questões técnicas. A trilha sonora, composta pelo sempre genial John Williams, agrega muito ao clima de tensão e expectativa do filme. A fotografia acompanha os personagens de uma forma coerente e participativa. O abuso de planos-sequência, por exemplo, faz com que a experiência dentro da redação do jornal seja completa.
The Post – A Guerra Secreta está longe de ser a melhor obra de Steven Spielberg, mas cumpre seu papel. As polêmicas americanas que guiam o longa podem não ser muito conhecidas pelas gerações mais novas, especialmente as que vivem fora dos Estados Unidos, mas as mensagens são transmitidas de uma maneira eficaz. Alguns exageros visuais e metafóricos (como a cena de Kat nas escadas após o julgamento final) são desnecessários, no entanto, é possível compreender a vontade de Spielberg de ser bem claro em seu discurso. Afinal, ele é forte e merece ser ouvido (neste caso, visto) pelas gerações mais velhas e, principalmente, pelas mais novas.