Tanto no cinema quanto na televisão, comédias românticas mexem com as emoções mais sinceras do público. Na maioria das vezes, por estimularem amores perfeitos e relações invejáveis, fazem com que lágrimas e risos proporcionem a sensação de que é possível encontrar um par ideal. Em sua primeira temporada, Love muda um pouco esses estereótipos.
Seguindo a linha depressiva e hilária de seus filmes, o criador da série, Judd Apatow (O Virgem de Quarenta Anos; Ligeiramente Grávidos), consegue representar o amor de forma sincera, trágica e cômica. A história é focada em Mickey (Gillian Jacobs) e Gus (Paul Rust, também criador da série), dois adultos de 30 e poucos anos que terminam seus relacionamentos e acabam se conhecendo por acaso, vivendo uma relação conturbada e constrangedora.
Cenas de sexo inusitadas, diálogos inesperados e um clima jovial são alguns dos elementos que fazem da série uma produção agradável, demonstrando mais uma vez o cuidado da Netflix com a produção de conteúdos próprios. O enredo caminha com dinamismo e consegue criar uma identificação do público com os protagonistas. E não só com eles. A personagem Bertie (Claudia O’Doherty), por exemplo, nos proporciona boas risadas com seu jeito australiano inocente e carinhoso.
A série também utiliza várias referências da cultura pop como plano de fundo para os problemas de Mickey e Gus. Pixar, Woody Allen e críticas à própria indústria audiovisual de Hollywood são apenas alguns dos pontos que fortalecem a metalinguagem utilizada no programa. Por sinal, grande parte dos episódios se passa em um estúdio de gravações de uma série, no qual acontecem envolvimentos entre profissionais, brigas de ego e crises de identidade por parte dos atores. Bem realista e crítico.
Love é uma série feita para pessoas que acreditam em relacionamentos sinceros e, ao mesmo tempo, sonhadores. Apesar de abordar questões paralelas, como as drogas e o vício tecnológico, tem o objetivo de nos mostrar como relações interpessoais podem ser tratadas de maneiras diferentes, já que todas as pessoas são distintas umas das outras.
As dificuldades, o autoconhecimento, a redenção e a determinação dos personagens fazem com que Love seja uma tragicomédia romântica viciante e conquistadora. Dentro do que se propõe a fazer é quase impecável. Não por acaso, já foi renovada para uma segunda temporada, com estreia prevista para 2017. Só nos resta torcer para que a qualidade da produção continue alta, assim como nossos níveis de satisfação e identificação com a série.
One Reply to “LOVE: Season 1 agrada pela sinceridade”