Ultimamente a indústria cinematográfica de Hollywood tem se acostumado com denúncias de assédio e protestos por mais representatividade feminina nas premiações. Da mesma forma, e com o mesmo empenho, é fundamental clamar pela representatividade das mulheres nas próprias narrativas dos filmes. Greta Gerwig parece ter entendido isso ao criar Lady Bird.
Em uma produção que parece muito autobiográfica, a diretora aborda o amadurecimento feminino de uma forma primorosa, repleta de momentos divertidos e cargas dramáticas. Lady Bird tem cara de filme independente, mas mensagens e abordagens que precisam aparecer mais no mainstream. O filme conta a história de Christine, uma garota que está terminando o ensino médio e pretende fazer faculdade fora de Sacramento, sua cidade. Lady Bird, como ela mesmo se denomina, no entanto, apresenta uma resistência da mãe.
Por sinal, os momentos de conflito entre mãe e filha representam os pontos mais altos do longa. Não por acaso, as atrizes Saoirse Ronan e Laurie Metcalf estão sendo indicadas para todas as principais premiações. Saoirse, por sinal, interpreta uma protagonista forte, sarcástica e bem humana. Merece os prêmios que tem recebido.
A história não apresenta pontas soltas e consegue ter uma originalidade simples, mas muito eficaz. Para completar, é muito fácil nos apegarmos às personagens e aos dramas cotidianos enfrentados por elas. Os conflitos também não arrastados e conseguem ser bem resolvidos. Os demais elementos técnicos do filme não são tão extraordinários, apesar de agradarem. A fotografia é bem condizente com a proposta, assim como a trilha sonora.
Acompanhar a saga de Christine é entender e conhecer muitos traumas e muitas dúvidas envolvendo as mulheres. Méritos para as atrizes e para o roteiro, também desenvolvido por Greta. Lady Bird apresenta várias mensagens fortes, que causam empatias distintas em pessoas diferentes. É totalmente possível você captar todas as “morais da história”, e com certeza irá se identificar mais com uma do que outra (assim como acontece com as personagens). E isso vai muito de acordo com o seu momento de vida.
Por isso, o longa de Greta Gerwig merece ser assistido várias vezes e tem tudo para entrar para a história como um dos filmes mais doces, sinceros e maduros de Hollywood. Ao contrário dos atores, produtores e demais profissionais influentes da indústria…