O ano era 2003, e a Disney lançava, despretensiosamente, um filme sobre piratas no qual o protagonista era um pirata excêntrico e competente. Quatorze anos depois, os contextos são completamente diferentes. A Disney lançou Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar com muitas pretensões financeiras, e o filme não conta mais com um protagonista foda, ao contrário de Piratas do Caribe: A Maldição do Pérola Negra. Mas o personagem continua lá.
O quinto filme da franquia de piratas mais famosa dos cinemas chegou aos cinemas na última semana e já arrecadou alguns milhões de dólares. Entretanto, também arrecada frustração daqueles que sempre gostaram do capitão Jack Sparrow, O personagem interpretado por Johnny Depp nunca esteve tão vazio, bobo e inútil. A atuação de Depp, por sinal, é a mais fraca dos cinco longas, talvez pela falta de um diretor mais capacitado, pelos problemas pessoais ou pelo excesso de autonomia que o ator ganhou na saga.
Depp passou a mandar e desmandar na franquia, de acordo com algumas fontes, mas pelo visto esqueceu de focar no próprio trabalho. Mas a culpa não é só dele. Os roteiristas, principalmente, levam uma boa parcela de culpa, visto que Jack Sparrow serve apenas como um MacGuffin para o filme, ou seja, é importante para guiar a trama, mas insignificante para a resolução dos conflitos.
Inclusive, o enredo de Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar é muito fraco. Com plot twists previsíveis e forçados, o filme é cheio de clichês, absurdos e piadas ruins. Em alguns momentos parece que estamos assistindo a um Velozes e Furiosos nos sete mares. No entanto, o clima do filme continua compatível com os quatro filmes anteriores. É bom encontrar novamente Will Turner, Capitão Barbossa e os confrontos em alto mar, mas isso não é suficiente para que o filme seja bom.
Os efeitos visuais e a maquiagem da produção são satisfatórios, assim como a atuação da maior parte do elenco. Javier Bardem, apesar de ter uma boa atuação, teve que se contentar em interpretar um espanhol (mais cômodo impossível) que não transmite o medo que um vilão desse porte deveria passar.
Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar peca, principalmente, na parte narrativa. A história do longa se fecha, é verdade, mas é cansativa e, em alguns vários momentos, entendiante, algo que um filme desse estilo não pode ser. O filme veio para mostrar que franquia precisa de uma pausa ainda maior, pois seis anos de espaçamento não foram suficientes. É difícil saber se Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar consegue ser pior que seu antecessor (Piratas do Caribe: Navegando em Águas Misteriosas), porém, é o longa que comprova a Disney tem a necessidade de repensar ou até mesmo acabar com a saga de Jack Sparrow. Caso contrário, a maldição do pérola negra irá assombrar também os espectadores que sentem saudades da trilogia inicial.