Apesar de ter uma indústria cinematográfica muito conhecida, a Índia ainda não possui a força comercial dos filmes americanos, britânicos e franceses. Entretanto, o país tem servido de cenário para algumas boas produções norte-americanas e européias. O caso mais famoso é o de Quem Quer Ser Um Milionário?, que venceu o Oscar de Melhor Filme em 2009. Agora é a vez de Lion: Uma Jornada Para Casa, que também está disputando o prêmio mais desejado do cinema.
Lion: Uma Jornada Para Casa conta a história de um garoto indiando que se perde da família e é adotado por um casal australiano. Após duas décadas, ele resolve procurar sua família de origem. Dirigido por Garth Davis, o filme tem sido muito comparado com Quem Quer Ser um Milionário?, mas é bem mais denso e menos dinâmico. As semelhanças existem e nos dão, em alguns momentos, a sensação de Déjà Vu, especialmente pelos protagonistas dos dois filmes serem interpretados pelo mesmo ator.
Dev Patel volta a viver um indiano. Com uma boa atuação, que lhe rendeu uma indicação ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante, Patel mostra que subiu de patamar como ator ao interpretar Saroo. Porém, o grande destaque é o ator mirim que faz o mesmo personagem, só que na infância. Sunny Pawar carrega a primeira hora do filme de maneira dramática, fofa e intensa. Uma atuação de gente grande que antecipa outro grande trabalho: o de Nicole Kidman, que merecidamente está na corrida pelo Oscar de Atriz Coadjuvante.
Tecnicamente falando, Lion: Uma Jornada Para Casa não apresenta muitas novidades. Apesar da bela fotografia e da boa trilha sonora, o longa não chega perto de seus concorrentes nos grandes prêmios da indústria. O roteiro é bom, e se destaca pela simplicidade e carga emotiva. Mas incomoda pelo menosprezo que faz com a tecnologia, visto que o personagem tinha meios mais práticos e maneiras mais inteligentes de viver sua jornada de volta para casa. Além disso, a primeira hora do longa é muito superior à segunda. Se o filme tivesse mantido o ritmo dessa primeira metade poderia ser ainda melhor.
A história de Saroo é comovente, e esse é o grande ponto forte de Lion: Uma Jornada Para Casa. O filme não é espetacular, mas consegue ser agradável e reflexivo, o que faz com que mereça uma vaga no Oscar de 2017, indiscutivelmente. E torçamos para que a indústria continue olhando para os países subdesenvolvidos e para suas crianças, pois esse é um passo importante para que possamos compreendê-las e ajudá-las.