Um assunto que a indústria do cinema nunca se cansou de explorar é a Segunda Guerra Mundial. Até o Último Homem, dirigido por Mel Gibson e estrelado por Andrew Garfield, seguiu a ideia de retratar o maior conflito bélico do século XX, porém, pelos olhos de alguém que não queria pegar em armas, mesmo querendo estar em campo de batalha.
O mais novo de Gibson narra a história de Desmond Toss (Andrew Garfield) o primeiro Objetor de Consciência (quem se recusa a pegar em armas) a receber uma Medalha de Honra do Congresso na História. Com o toque de violência já conhecido do diretor-ator, a trajetória de Toss é construída de maneira similar ao que vemos no filme Nascido Para Matar, de Stanley Kubrick.
Desmond Toss é um jovem comum, convivendo com sua família e sofrendo nas mãos de um pai traumatizado pelos horrores de ter lutado durante a Primeira Guerra Mundial. Apaixonado pela jovem enfermeira Dorothy Schutte (Teresa Palmer) e pela Medicina, os primeiros minutos do longa-metragem seguem um ritmo mais lento, construindo a vida pessoa do personagem. Até que Toss decide se alistar no exército americano.
A partir do momento em que o protagonista inicia o seu treinamento na base militar, vemos muito elementos que lembram a primeira parte do filme de Kubrick: bullys; sargentos grosseiros; um ambiente hostil, que justifica seus atos em cima do discurso da Guerra.
Porém, se Kubrick acertou nos primeiros atos de Nascido Para Matar, a parte da guerra do Vietnã em si não faz jus às cenas anteriores. Algo que não acontece em Até o Último Homem. O filme de Mel Gibson cresce com maestria a cada segundo, deixando o espectador sem fôlego, aflito, emocionado e enojado com a realidade das cenas de batalha. O desespero dos soldados americanos se torna algo extremamente real na tela dos cinemas.
O diretor finaliza o filme com uma mensagem clara sobre suas crenças; no entanto, de uma forma que não flerta com uma pregação gratuita, sendo totalmente justificada e empática com a situação de desespero dos soldados durante a batalha em Okinawa.
Até o Último concorre ao Oscar, merecidamente, nas categorias de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator, Melhor Mixagem de Som, Melhor Edição de Som e Melhor Edição.