Depois de muitas refilmagens, críticas negativas e ações promocionais grandiosas, Esquadrão Suicida chegou aos cinemas como o grande lançamento da semana. As sessões esgotadas justificam esse título, o filme nem tanto. Muito abaixo do hype criado, a nova produção da DC apresenta muitos erros e exageros que incomodam. No entanto, ao contrário de Batman vs Superman: A Origem da Justiça, acaba sendo divertido.
Antes de assistir ao longa, minhas atenções estavam voltadas, obviamente, para os dois personagens mais famosos do elenco principal: Arlequina e Coringa. Lamentavelmente, fiquei decepcionado com ambos, mas de maneiras distintas. O Coringa de Jared Leto é incômodo por dois motivos. O primeiro deles é a interpretação de Leto. Extremamente forçada e assustadoramente semelhante à de Ralph Fiennes como Lord Voldemort, a atuação de Jared não é marcante como a de Heath Ledger em O Cavaleiro das Trevas. Por sinal, não cabe nem fazer uma comparação, tamanha é a inferioridade de Leto. O segundo ponto negativo é a inutilidade do personagem no filme. Quando entra em cena, o Coringa não acrescenta nada ao enredo, por mais assustador e psicótico que seja.
Margot Robbie, por outro lado, merece aplausos. Sua interpretação como Arlequina é muito boa, tanto do ponto de vista de falas quanto do corporal. A sensualidade da personagem, já existente nos quadrinhos, foi muito bem representada por Robbie. Porém, não foi tão bem empregada pelos roteiristas. As insanidades de Arlequina poderiam ser muito mais exploradas, mas os responsáveis pela história preferiram destacar as curvas da atriz e uma bondade um pouco incompreensível (em alguns momentos acompanhada de lições de moral) da personagem.
É válido destacar Viola Davis, que conseguiu criar uma Amanda Waller de respeito. Em suas breves aparições, Ben Affleck também volta a desempenhar um bom papel como o Batman. Já o Pistoleiro de Will Smith e os demais membros do Esquadrão também cumprem seus papéis. Apesar de não fazerem nada de extraordinário, também não fazem nada que mereça críticas fervorosas. Ao contrário das pessoas que trabalham por trás da produção.
Esquadrão Suicida tem um dinamismo interessante, mas conta com uma história fraca. Os vilões são pífios, assim como alguns erros de continuidade e de edição. Em algumas cenas parece que os encaixes feitos após as refilmagens aconteceram de maneira corrida, deixando o roteiro confuso e/ou com passagens desnecessárias. O excesso de clichês e previsibilidades de filmes de heróis também não combina muito com o grupo de anti-heróis que pretendíamos ver nos cinemas.
A falta de timing para algumas piadas e o excesso de bondade em um grupo de criminosos também é um problema sério. Assim como a trilha sonora. Apesar das músicas serem excelentes (e extremamente conhecidas no mundo da cultura pop), em determinadas situações foram colocadas apenas para empolgar o público, fazendo com que as pessoas não reparassem a fragilidade de algumas cenas.
No geral, Esquadrão Suicida é divertido, mas muito menos empolgante do que o esperado. É um filme que vale a ida ao cinema (mais ainda se você for em um dia com venda de ingressos promocionais), por mais que a maioria das críticas diga o contrário. Entretanto, não será o longa responsável por colocar as excelentes histórias dos quadrinhos da DC em um lugar digno no mundo cinematográfico.
Os próximos a tentar fazer isso serão Mulher Maravilha e A Liga da Justiça, mas se as coisas não mudarem na Warner a missão será muito difícil. E após Esquadrão Suicida é bom aprendermos uma lição quanto aos filmes da DC: não se deve criar expectativas a partir dos trailers. A frustração pode ser grande…
PS: Ainda não aprendi a lição, pois já estou empolgado para A Liga da Justiça. E tudo isso por conta do trailer. Espero que a decepção não volte a me visitar em Novembro do ano que vem.