Primeiramente, gostaria de me desculpar pela prepotência do título. Segundamente, saiba que esta lista é um material opinativo e que foi um processo doloroso a seleção dos filmes aqui expostos. Terceiramente, sinta-se à vontade para debater, discordar e apontar falhas cometidas ao longo da matéria.
O cinema é uma arte que nos encanta há 120 anos. Por isso, foi uma árdua tarefa separar um único filme que marcou um período inteiro de dez anos. Baseei meu texto principalmente nos movimentos culturais que cresceram graças aos rumos históricos da nossa sociedade. Portanto, muitos dos filmes dos períodos pós-guerra para frente acabaram sendo produções norte-americanas.
Espero que se sinta estimulado a assistir a pelo menos um ou dois desta lista, caso não conheça!
1896 – 1906: Viagem à Lua (1902)
A primeira década do cinema foi marcada por muitas surpresas. Uma nova forma de arte surgia, e as pessoas estavam se habituando a esse novo modelo de representação criativa. Escolhemos aqui, o filme Viagem à Lua, de Georges Méliès. O filme marcou época não só por sua duração de 13 minutos, quando os filmes costumavam durar de 3 a 4 minutos, mas por seus efeitos visuais fantásticos.
Méliès era ilusionista e, por isso, sabia aplicar boa parte de seus truques de palco na magia do cinema. Viagem à Lua foi um filme pioneiro da ficção científica audiovisual e certamente um marco na história do cinema.
1907 – 1916: O Nascimento de uma Nação (1915)
Se tem um nome que podemos citar como um dos gigantes pioneiros da indústria cinematográfica norte-americana, este nome é D. W. Griffith. O Nascimento de uma Nação relata a história de duas famílias, vivida durante a Guerra de Secessão. Com 190 minutos de duração, o filme é considerado como o pontapé inicial do Cinema Moderno.
Apesar de sua mensagem altamente racista, este é um filme que vale a pena assistir com um olhar de historiador.
1917 – 1926: O Gabinete do Doutor Caligari (1920)
Um dos movimentos mais famosos da História do Cinema é o Expressionismo Alemão, e O Gabinete do Doutor Caligari, dirigido por Robert Wiene, é considerado a primeira obra propriamente pertencente a este movimento artístico.
A estética bizarra e narrativa obscura do filme influenciam grandes cineastas até os dias de hoje. Um dos mais visíveis é Tim Burton e seu fantástico mundo gótico.
1927 – 1936: King Kong (1933)
A terceira década de vida do Cinema foi repleta de muitos filmes válidos de estarem nesta lista. Filmes como Um cão andaluz e M, o vampiro de Düsseldorf são de extrema importância para a História da Sétima Arte. Até O Triunfo da Vontade, mesmo sendo uma propaganda nazista, é um filme muito bem estruturado e valorizado por estudiosos. No entanto, por motivos de popularidade e revolução em efeitos especiais, deixemos King Kong, dirigido por Merian C. Cooper e Ernest B. Schoedsack, como o escolhido.
O sucesso da história do gorila gigante foi tamanho, que ele é um dos monstros mais relembrados quando o assunto é destruir grandes centros urbanos. Ao lado de Godzilla, King Kong é uma forte presença no imaginário popular desde o lançamento de seu longa-metragem.
1937 – 1946: Cidadão Kane (1941)
Novamente, uma década ímpar para o Cinema. E o Vento Levou e Tempos Modernos são apenas alguns dos exemplos de como é difícil selecionar o melhor filme dentro de um intervalo de 10 anos. Porém, se você pesquisar por qualquer lista de melhores filmes de todos os tempos, é de uma proporção quase zero que não encontrará Cidadão Kane entre os cinco melhores.
O filme, dirigido por Orson Welles, é um exemplo de roteiro, atuação, direção, e tudo mais que o cinema oferece como mídia contadora de histórias, elevados à máxima qualidade.
1947 – 1956: Janela Indiscreta (1954)
Hitchcock é um nome tão presente no Cinema quanto Claquete. O diretor tem inúmeros filmes memoráveis, e Janela Indiscreta é um deste.
Contando com apenas um cenário durante toda a narrativa, Hitchcock constrói o suspense da trama como ninguém. Direção de fotografia, roteiro, cenários bem planejados, e um final, como sempre, surpreendente. O título de Mestre do Suspense não veio em vão para o cineasta.
1957 – 1966: O Sétimo Selo (1957)
O cinema nórdico tem fama de contar histórias extremamente introspectivas; e O Sétimo Selo, de Ingmar Bergman, é um ótimo exemplo disso.
As décadas de 1950 e 1960 foram repletas de filmes icônicos, como Psicose, do, já comentado aqui, Hitchcock. Porém, para sair um pouco dos holofotes hollywoodianos e de grandes potências europeias, como França e Itália, O Sétimo Selo foi selecionado como o grande filme de tal década.
Este icônico filme de Bergman narra uma história medieval. Repleto de metáforas e alegorias, a trama é sobre um cavaleiro em busca de respostas para a Peste Negra que devasta todo o continente europeu.
1967 – 1976: O Poderoso Chefão (1972)
A cada avanço de décadas, mais árdua se torna a tarefa de selecionar o melhor filme destes dez anos. Recheado de Kubrick, Truffaut e Spielberg, a escolha, tão sofrida quanto de Sofia, do primeiro lugar vai para O Poderoso Chefão, dirigido por Coppola.
Um filme considerado culturalmente, historicamente e esteticamente significante, o drama da Família Corleone tem suas películas preservadas até hoje no National Film Registry.
A história é marcante não só por sua qualidade cinematográfica em geral, mas por cada um de seus elementos (atuação, roteiro, trilha sonora) ser único, eternizado na Sétima Arte e na cultura popular.
PS: O segundo filme também está incluído aqui, pois foi mais um grande marco no cinema, por se tornar a primeira sequência a levar o Oscar de Melhor Filme.
1977 – 1986: Star Wars Episódio IV: Uma Nova Esperança (1977)
Eis aqui uma década em que surge o extremo arrependimento de ter me desafiado a escrever esta matéria. Dez anos com presença de Woody Allen (Manhattan), Scorsese (Taxi Driver) e Kubrick (O Iluminado); optei por deixar meus gostos pessoais bem de lado, e escolhi o filme que foi uma revolução na forma de produzir blockbusters.
Steven Spielberg foi o pioneiro nos chamados “arrasa-quarteirão”, formato utilizado até hoje por Hollywood; porém, foi George Lucas o responsável por transformar o universo de um filme em produtos extremamente lucrativos.
Além disso, Star Wars foi um dos principais pilares na formação nerd mundial, e uma revolução de efeitos visuais nunca antes vista.
(Vale, aqui, dividir boa parte do mérito de Star Wars com 2001: Uma Odisseia no Espaço, que certamente foi uma grande escola para George Lucas)
1987 – 1996: Pulp fiction (1994)
Além de diretor, Quentin Tarantino é um grande fã do cinema. Como o próprio costuma dizer, sua escola como cineasta não foi uma faculdade, mas sim assistir a filmes. Devido a isso, o cineasta não poderia ficar de fora desta lista.
Pulp Fiction é a obra de Tarantino mais referenciada até hoje. Marcante por sua trilha sonora, por seus memes e por sua montagem fora da ordem cronológica.
1997 – 2006: Matrix (1999)
Assim como Star Wars, o filme de Lilly e Lana Wachowski foi uma revolução nos efeitos visuais (exaustivamente utilizados atualmente). Porém, não só de imagens e cenas de ação incríveis está a influência de Matrix nos cinemas. O longa-metragem traz debates filosóficos, científicos e biológicos a respeito do nosso lugar na Terra e para as direções que caminhamos.
Um filme que, infelizmente, graças às suas sequências, perdeu um pouco de seu valor como universo, mas que, individualmente, ainda é uma história fantástica e bem contada.
2007 – 2016: Meia Noite em Paris (2011)
Cometi a heresia de construir esta lista sem devidamente destacar nenhum dos trabalhos de Kubrick, Chaplin, Scorsese e Spielberg. Felizmente, Woody Allen conseguiu achar seu lugar ao sol na última década aqui analisada.
O diretor possui muitos trabalhos antológicos, como Annie Hall e Manhattan (já citado acima); porém, Meia Noite em Paris é um dos poucos filmes que o próprio Woody Allen considera como um dos que ele salvaria de se perder no tempo. Devido a isso, e por ser uma obra produzida e aclamada no auge de seus 75 anos, a viagem temporal parisiense merece sim receber o devido reconhecimento, e finalizar esta lista (in)definitiva.
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