Você já chorou vendo seu personagem favorito de uma série morrer? Já se irritou com alguma atitude de um vilão de filme? Se você é um cinéfilo ou um maratonista de séries, provavelmente já passou por essas e outras emoções ao assistir a um produto audiovisual de sucesso.
No entanto, muitas pessoas não entendem o apego que séries e filmes podem causar no público. Acham um exagero o aflorar das emoções acontecer por conta de algo que “não existe” e não acreditam que um produto da indústria cultural pode ter tamanha importância na vida de alguém. A questão é que filmes e séries são muito maiores do que um entretenimento sem emoção.
Uma pesquisa da Universidade de Tilburg, por exemplo, já comprovou que chorar em filmes deixa as pessoas mais felizes. Logo, qual o problema em derramar algumas lágrimas durante uma cena triste? Em séries isso é ainda mais recorrente (especialmente para os fãs de Game of Thrones). O público se acostuma com os personagens, passa a admirá-los e não quer vê-los mortos ou fracassados, na maioria das vezes.
Mas, infelizmente, a cultura ainda convive com o preconceito. A sociedade brasileira, por sinal, aceita que você torça cegamente por um time de futebol e que você exponha todas as suas emoções após uma derrota ou uma vitória da equipe. Porém, nesse caso, o argumento de que “o futebol não afeta nada na sua vida” é muito menos recorrente do que com filmes e séries. Por quê?
Talvez porque o futebol seja muito mais acessível ao grande público do que as produções cinematográficas e televisivas de qualidade. Pessoas se emocionam com coisas que as envolvem e despertam o fanatismo ou a ansiedade. Os fãs de Star Wars aguardam ansiosos o lançamento de um novo filme da saga e os fanáticos por Game of Thrones esperam eufóricos pelo episódio da próxima semana assim como um flamenguista roxo só consegue pensar na próxima partida do clube pelo Campeonato Brasileiro.
Assim como o torcedor, os amantes de séries e filmes querem presenciar aquele momento e se emocionam com os acontecimentos posteriores. É natural. Não é só uma série, um filme ou um jogo de futebol. É algo extremamente relevante na vida de milhões de pessoas. Portanto, acontecimentos inesperados ou indesejados podem (e devem) causar as mais variadas emoções (raiva, tristeza, alegria, etc).
Em um momento com muitas discussões sobre a importância da cultura em uma sociedade, é sempre válido ressaltar o quanto filmes e séries podem servir como companheiros para pessoas solitárias e o quanto podem contribuir para um ganho intelectual de crianças, jovens, adultos e idosos. Faça a sua parte: respeite as emoções dos outros, não dê spoilers divirta-se com o que te diverte e segure a porta para que vários elementos culturais entrem em sua casa.
Um universo sem cultura é um universo ignorante. Então, que choremos cada dia mais pela morte de personagens ao invés de chorarmos pela morte de uma sociedade intelectual.