Polarização. Com certeza você já ouviu falar dessa palavra nos últimos meses. No Brasil ela tem aparecido recorrentemente em discussões sobre vários assuntos. Política, esporte, música e filmes contam com opiniões polarizadas. Ou são definidas, precipitadamente, dessa forma. Polarizar é concentrar algo em opostos extremos. Muitas vezes os pontos de vistas são diferentes, mas não completamente diferentes. Contudo, normalmente uma rivalidade é criada e não permite que alguém curta ou odeie pontos de ambos os lados de uma história. No mundo nerd não é diferente.
O filme Batman vs Superman: A Origem da Justiça demonstrou como o “ame ou odeie” está cada vez mais presente no universo da cultura pop. Aclamado por uns e odiado por outros, o mais novo longa da DC foi responsável por discussões imensas e raivosas nas redes sociais. Aos críticos que não gostaram do filme e fizeram textos esculachando o longa, o argumento (ou ofensa) era unânime: você é fanboy da Marvel. Por sinal, a briga entre fãs da Marvel e da DC é o maior exemplo de como a polarização pode ser algo bom e, ao mesmo tempo, ruim para os filmes, séries e HQs lançados por tais marcas.
Se por um lado as redes sociais ficam infladas de ofensas, discursos de ódio e opiniões vazias, por outro os cinemas ficam lotados de espectadores que já assistem aos filmes da DC e da Marvel torcendo para que sejam ótimos ou péssimos (de acordo com as devidas preferências). Financeiramente a rivalidade é boa para as duas empresas. Afinal, criticar ou elogiar algo sem assistir tira a sua credibilidade em um debate. Logo, todos querem ter propriedade para defender seu “lado”. Com isso, ajudam as bilheterias de quase todos os filmes de herói a crescerem. No entanto, os críticos especializados em cinema e as pessoas que gostam de ambos acabam prejudicados.
Por mais criteriosos e sensatos que sejam, são apedrejados caso gostem ou não de certo filme. Não ter gostado de Batman vs Superman significa, para os fanboys da DC, que tal pessoa é fanboy da Marvel. E o mesmo acontecerá, inversamente, se essa pessoa odiar Capitão América: Guerra Civil. Independentemente dos conceitos cinematográficos que ela utilizar para justificar tais pontos de vista. O fanatismo é cego e irracional. Nesse ponto o mundo de heróis dos quadrinhos se assemelha ao futebol e à política.
Mas a polarização nerd não se restringe a Marvel e DC. Com menos ferocidade, outros “duelos” ocorrem entre os consumidores da cultura pop. A briga entre fãs de Star Wars e de Star Trek é mais intensa internacionalmente, visto que a franquia de Gene Roddenberry tem mais apelo fora do Brasil. Entretanto, não atinge proporções muito grandes, pois Star Wars ainda possui uma base de fãs muito maior, diferentemente do que acontece entre Marvel e DC (ambas têm muitos fanáticos para defendê-las). Situação semelhante a dos fissurados por animações.
A Disney lidera o mercado geral, mas se restringirmos a disputa entre as produtoras responsáveis por animações digitais, a briga é entre Pixar e Dreamworks. Contudo, a primeira é, merecidamente, muito mais reconhecida, apesar da Dreamworks ter um público extremamente relevante no que diz respeito a bilheterias. Porém, um dos maiores fenômenos recentes das animações não veio de nenhuma das três já citadas. Causadores de amor e ódio nas pessoas, Os Minions foram criados pela Illumination Entertainment e distribuídos pela Universal Studios. Os seres multicelulares amarelos, por sinal, conseguiram muitos fãs e haters. Na mesma intensidade. Mas o sucesso de seus filmes e produtos são inquestionáveis, apesar de algumas críticas ao filme solo dos personagens.
Outros casos de polarização também são famosos e relevantes no mundo das séries, filmes, games e quadrinhos. Playstation vs Xbox; How I Met Your Mother vs Friends; Super Mario Bros vs Sonic; Dragon Ball e Naruto; Street Fighter vs Mortal Kombat; etc. No geral, é importante destacar que todos nós temos preferências e fanatismos, mas é necessário bom senso para saber criticar o que deve ser criticado e elogiar o que deve ser elogiado. Um filme, por exemplo, não é bom ou ruim apenas por ser produzido pela empresa X. Isso é definido a partir de estudos, critérios e observações precisas, e não apenas pelo hype que ele produz.
Da mesma forma, é possível gostar de produtos distintos e/ou rivais. Basta ter argumentos para expressar isso. Nem o nosso planeta tem apenas dois lados, então o universo da cultura pop também não precisa ter. Mas, caso você queira que tenha, utilize argumentos concisos para justificar suas escolhas. Afinal, escolher um lado não quer dizer que você está certo ou errado, apenas que tem um pensamento próprio por motivos justos (pelo menos é o que se espera).
PS: A não ser que você seja #TimeCapitãoAmérica, aí você está errado mesmo (não pude deixar essa passar).
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